domingo, 17 de fevereiro de 2013

Umas quantas notas

Aposta nos jovens e consequências:
 
Mais do que para a equipa (porque não me parece que os jovens da Equipa B que entraram na Equipa A sejam um acrescento de qualidade generalizado face aos últimos), é importante pensar nas consequências dessa aposta nos jogadores e no seu percurso individual.
O ideal seria, claro, que entrassem na Equipa num contexto colectivamente mais propício. Porém, será assim tão grave que o façam não estando preparados? Sê-lo-ia de certeza, em tempos. Hoje, parece unânime que qualquer jogador da formação pode errar e deve ser apoiado, pelo que qualquer um que entre na Equipa Principal (seja bom, mediano, ou mau), não sofre o que outros terão, em tempos, sofrido. A grande questão é: será efeito de novidade? Isto é, mais que por serem da formação, será por isso e sobretudo por serem algo de diferente daquilo que já existia? É preciso pensarmos nisso, quando vemos as críticas ao Cédric, ao Adrien, ao Carriço (antes de sair) e ao Pereirinha (antes de sair). Terão os “novos delfins” mais capacidades que estes? E, não o tendo, não serão mais tarde alvos do mesmo tratamento – ou de pior tratamento? Confesso que, quanto a isto, tenho algumas dúvidas. Mas falando de casos individuais:
- Eric Dier: Está preparado. Jogará sempre melhor que o parceiro, seja ele qual for, pelo que não terá de se preocupar muito em ser futuramente um alvo para a frustração.
- Tiago Ilori: Cometeu um erro com o Leiria, o ano passado, e foi apoiado. Fê-lo hoje, e foi apoiado. Mas será sempre assim? Quando os cometer em jogos decisivos? E quando esses erros se reflectirem num resultado adverso? Tem potencial: é bom técnica e fisicamente, e mostra durante grande parte do tempo saber o que deve fazer. Precisa de ser mais concentrado, agressivo e ter mais “conhecimento” na cabeça, que só ganhará com muitos jogos. De preferência, longe dos holofotes.
- Zézinho: Um dos que, na sua posição, é inferior a várias das soluções existentes. Jogando outro, a equipa poderá melhorar (ainda que apenas um pouco), e por isso não deve ser aposta. Mais do que consequências para si, a aposta no jogador poderá trazer consequências para a equipa e, portanto, também para os outros jovens.
- Bruma: Apesar de ter gostado mais de o ver hoje que noutras ocasiões (parece-me que evoluiu), parece-me que está na mesma situação de Zézinho. Há Jeffren, Carrillo e Labyad, pelo que não há pressas em apostar de forma definitiva num jogador. A aposta firme não compensa o risco de se perder. Porém, querem fazer dele uma estrela a qualquer custo. Veremos se o Sporting aposta ou não nele, no imediato. Qualquer opção me parece ter consequências bem negativas…
 
A incompreensão de coisas importantes:
André Carrillo parece ser um exemplo de um jogador com quem a maioria das pessoas embirrou, e por isso deixou de ter paciência. É, hoje, invariavelmente criticado – o que se reflectirá obviamente na sua confiança e prestação. Quando digo que a maioria das pessoas embirrou consigo não quero dizer que estão erradas nos defeitos que lhe apontam, mas que apenas vêm neles esses defeitos, e nenhumas virtudes importantes. Primeiro, é preciso falar de Bruma: não admiraria que os defeitos de Bruma, hoje provavelmente mais visíveis que a médio-prazo (embora se devam manter, apenas em graus diferentes), viessem a ser apenas o que nele se vê, quando os adeptos se “cansarem” dele. Se foi assim com Carrillo, seria perfeitamente normal que assim acontecesse com o Bruma.
Mas, sobre as qualidades do peruano, pode-se dizer que se verificaram hoje. A quantidade de vezes que apareceu com a bola nos pés foi grande, diria que maior do que a de qualquer outro jogador do meio-campo para a frente. Isto não se deve ao acaso, deve-se ao facto de ser o jogador que mais apoia e dá opção de passe a quem tem a bola. Foi sempre procurar receber com segurança, entregando bem e voltando depois a mostrar-se. É caso para dizer que, na construção e organização (se calhar, precisamente onde lhe apontam mais defeitos), é muito bom – e é bom que o Sporting tenha um jogador do meio-campo ofensivo que seja nisso muito bom. Não esteve tão bem na forma como abordou os lances quando mais adiantado: tem qualidade técnica, criatividade e remate para ser um perigo constante e criar mais desequilíbrios, e houve alguns momentos (não muitos) onde podia ter dado usso a essas qualidades, e erradamente não o fez.
 
Controlo:
O Sporting foi incapaz de controlar os acontecimentos. E aqui há dois ângulos a analisar:
- Colectivo: O Sporting oscila ainda muito entre momentos em que está organizado (e são ainda poucos…) e momentos em que parece “voltar ao Passado”. Com o tempo, a equipa tornar-se-à provavelmente mais constante e sólida: aquilo que faz bem, só o faz há pouco tempo, pelo que é de esperar uma crescente qualidade.
- Individual: O Sporting tinha ontem poucos jogadores em campo com capacidade para resolver os problemas, ou “buracos”, que iam surgindo em campo. Particularmente pela capacidade de ocuparem os espaços certos, no meio da desorganização, e a capacidade para manterem em equipa menos tempo a defender. Um estava castigado, o outro entrou no final do jogo. Rinaudo não o faz, embora num bom contexto seja ímpar. Schaars fá-lo, como Adrien, mas não tão bem como André Martins.
 
Jogo de ontem e “o novo rumo”:
É preciso perguntar algumas coisas: apostar nos jogadores tão cedo implica (ou deve implicar!) que sejam desde logo mais considerados, a começar pelo contrato que têm. Isso permitirá uma redução de custos assim tão grande, que justifique uma igualmente perda de competitividade?
O Sporting ontem teve um melhor resultado porque marcou mais golos. Não jogou mais. E, se jogou sequer o mesmo, isso deveu-se em parte ao facto de quem ter entrado em campo ter tido uma ambição de se mostrar e uma confiança que nenhum dos colegas da A teria. Mas não é durável, é circunstancial. O que é durável é a qualidade. Que Sporting queremos ter?

Mas, sobre o rumo, o fundamental não está dito. Fá-lo-ei mais tarde, quando abordar as eleições e o futuro do Sporting.