sábado, 22 de setembro de 2012

Neste Sporting, e em Sá Pinto, eu acredito

Não tenho actualizado este espaço, não tanto por falta de disponibilidade, mas por falta de vontade em participar na discussão que agora envolve o Sporting.

Partilho a preocupação e a frustração com a ausência de resultados, mas não partilho com a maioria dos sportinguistas a forma de reagir a essa frustração. Os assobios constantes na bancada, os lenços brancos que já se viram em Alvalade e as críticas que se ouvem na bancada culminam hoje com as capas dos jornais desportivos: em todos eles, o treinador RSP sai fragilizado, colocando-se em causa a sua continuidade.

Como o PLF bem refere, a aposta em Sá Pinto não se esgota em si mesmo: o Sporting apostou numa nova forma de trabalhar o seu futebol sénior, o seu futebol formação e sobretudo a ligação entre estas duas realidades. E a (ousada) estratégia – cujos resultados só poderão ser totalmente visíveis a médio/longo prazo – tem como figuras maiores os dirigentes do futebol leonino e a equipa técnica do futebol profissional.

É por isso que, se Godinho Lopes e Luís Duque continuam a ver futuro nesta estratégia – e capacidade nos actuais intervenientes para a implementarem -, devem vir a público tomar uma posição muito clara: a da defesa intransigente da estratégia que querem implementar, bem como a da equipa técnica que a personifica no futebol sénior.

É fulcral que se retire a enorme pressão (agora não apenas interna, mas também externa) que rodeia actualmente a equipa técnica e os jogadores. É preciso que se afirme muito claramente que quem estiver em Alvalade na segunda-feira não vai estar com rescisões de contrato apontadas; e é preferível que essas afirmações de confiança sejam públicas, para que todos estejam cientes que o Sporting tem uma estratégia de que não abdica, que tem um futuro que não troca por um golo ao Gil Vicente.

Não vou dizer que estou plenamente satisfeito com o futebol da equipa – não estou. Nem vou dizer que estou minimamente satisfeito com os resultados recentes – porque não o estou de todo. Mas, ao contrário do que se verificou o ano passado aquando da crescente pressão sobre Domingos Paciência, acredito que i) há margem para melhorar e crescer muito; e ii) há capacidade nesta equipa técnica – e particularmente em Sá Pinto - para dar a volta à situação e lidar com este momento terrível.
Eu acredito neste Sporting, e acredito em Sá Pinto. E não estou disposto a trocar um futuro no qual acredito por um presente que não estou certo que vá ser melhor. Vou manifestá-lo em Alvalade na segunda-feira novamente, e exorto a todos os que partilham da crença que o Sporting vai dar a volta a esta situação (com os actuais intervenientes) que também o façam – que por cada um que assobie e ponha em causa a equipa, existam dois que a apoiem e manifestem nela confiança.

O futuro que falo não são apenas as 27 jornadas para o Campeonato, a Liga Europa e as taças nacionais que ainda faltam disputar.
O futuro é também a Equipa B, composta por variadíssimos jogadores talentosos que Sá Pinto, além de conhecer bem, já potenciou e fez evoluir na formação. O futuro é também os juniores, os juvenis e os iniciados, treinados por pessoas que partilham a estratégia que Sá Pinto está a tentar implementar. O futuro é em suma a estratégia que foi idealizada com as mudanças feitas em todo o futebol do Sporting. E quem tem esperança nesse futuro não pode desistir tão cedo.

7 comentários:

  1. Goncalo, antes de mais um abraco, e faco minhas as tuas palavras. Da primeira a ultima. Tambem nao estou satisfeito com os resultados e nao consigo honestamente conceber outro 4'o lugar. Tal como afirmou Dias Ferreira ha 3 semanas, o 3'o lugar tem (pelo menos esse) de ser uma obrigacao, lugar que nos qualificara para a LC.

    Por isso, os resultados preocupam.
    Fora da sua esfera, mantenho viva mais do que esperanca a forte conviccao de que o futuro (e o presente) sorrira / sorrirao ao Sporting. Com este plantel, treinador, e Luis Duque ao comando da SAD.

    Subscrevo de igual modo a falta de vontade para discutir o Sporting. Antes dos jogos la aparece - fenomeno de vontade, antecipacao por um jogo, entusiasmo de que iremos ganhar. Ganhemos, ou percamos, assim que o jogo termina a vontade de 'falar sobre' e nula. Todavia, nao tanto (no meu caso) por causa de ambientes no estadio ou capas de jornais: puramente pelos espacos onde a discussao decorre - blogoesfera (nao mantenho infelizmente dialogos sobre o Sporting em mais sitio algum).

    As coisas irao melhorar, e no fim todos saberao agradecer aos responsaveis - um dos maiores, Ricardo Sa Pinto. Ate la, procurarei ler o menos possivel porque o pouco que leio incomoda-me.

    Grande abraco.

    ResponderEliminar
  2. MM,

    Imagina então o que é estar a ver um jogo do Sporting, e passar 45 minutos a ouvir perguntar pelo Labyad e pelo Viola, ouvir perguntar de que adianta pôr o André Martins se não há dois avançados na frente, ouvir que o Sá encostar o Insua é um escândalo (depois "o croata até tá a jogar bem, mas para defesa não serve, o vento quase que o leva"), ouvir dez vezes da mesma pessoa que o Sá Pinto é uma merda e que só volta lá (ao estádio) quando ele não lá estiver, estar a sair do Estádio frustrado e ouvir alguém a, raivosamente, vocifrar para a relva (?) que o Godinho Lopes é o culpado desta merda e virar-se para os outros sócios e adeptos perguntando se já se fartaram de enterrar o SCP.

    Não há sequer a opção de não ler, temos mesmo de gramar com aquilo, passar que tempos a ouvir aquilo que não desejamos ouvir. Terrível.

    Custa muito estar 90 minutos a ouvir imbecilidades e insultos à equipa e ao treinador, custa muito sair frustrado com o resultado e ter de ouvir que os culpados são quem não aperta com o Sá Pinto.

    Provavelmente segunda levo uns phones para ouvir música enquanto vejo o jogo.

    Estou confiante que a equipa dará a volta, mas custa ver a que fica reduzido o sportinguismo nos maus momentos. Tanto ou mais que sentir a própria frustração que decorre dos recentes - preocupantes - resultados.

    Um grande abraço e que as vitórias cheguem rápido. O Sporting merece-o: não só quem trabalha para as conseguir, como quem trabalhou para que elas pudessem sequer ser uma possibilidade. Não merecem nem mereciam que o sportinguismo fosse isto.

    ResponderEliminar
  3. Por acaso tenho a "sorte" de sempre que vou a Alvalade não assistir a fenómenos desse tipo - e nem são tão poucas vezes quanto isso, dada a minha condição. Mas sim, acontecendo da forma relatada é bastante desagradável. Insatisfação sobre o jogo, sobre o que acontece no campo, sempre vejo. Coisas maiores nem por isso (palavras de ordem contra este ou aquele, e outras do género).
    Sobre o público no estádio tenho por acaso uma opinião mais ligeira: não me revejo nesses comportamentos, nenhuma dúvida sobre isso, mas consigo "desculpar". Por um motivo apenas, pagam para estar ali e exprimem a insatisfação de uma forma que sempre foi / é / será a mesma ontem / hoje / e sempre: assobios. É aquilo que os jogadores captam. Desagradam-me, e desagradam-me especialmente "coros de assobios", mas os jogadores melhor ou pior lidam com a situação e sabem que as vitórias anulam o fenómeno.

    O que incomoda-me mais é mesmo a expressão intelectual de um sportinguismo medíocre que nada faz mas sobre tudo opina (mal), expressão essa que é lida por adeptos e gente do clube (não acredito que alguns dirigentes não sintam a curiosidade de espereitar o que sobre eles é dito. E a mesma coisa para técnicos (quem sabe?), ou até jogadores).

    Ainda sobre isto, vamos ao mesmo de sempre: não existem bons ou maus adeptos. Existem pessoas melhores e piores. Existirão sempre e não há muito a fazer sobre isso. Ao fim do dia não deixarei de saber: uma estrutura capaz é imune a vozes exteriores, porque no mais os adeptos do Sporting não são diferentes dos adeptos de um clube como vencedor como o FCP ou até o SLB (há muito que deixei de "ver-nos" como pessoas diferentes).

    ResponderEliminar
  4. O Sporting é um clube historicamente diferente, ímpar, porque teve / tem a sorte de contar com o contributo de pessoas (sobretudo atletas) excepcionais. Nós, nem por isso ... (com tudo o que a afirmação tem de exagero resultante do não cumprimento de expectativas que mantinha sobre nós mesmos). Mais ou menos assim Gonçalo, falando para um amigo (tu): até 2009 nem sabia que existia uma coisa chamada blogoesfera. Simplesmente desconhecia. Daí para cá: foi ela suficiente para perceber que a nossa (sportinguistas) expressão não é diferente da de outros. Muda apenas a quantidade (o SLB tem mais doses de mau porque tem mais gente a aparecer, mas tanto a qualidade da intelectualização como o nível é comum a todos: mauzinha).
    Contam-se pelos dedos de uma mão o nº de pessoas capazes de pensar um assunto que diga respeito ao Sporting como deve ser.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Concordo com tudo, tendo pena de concordar. Mas acho que as coisas não eram assim no Passado; pelo menos, não me lembro de serem assim.

      A blogosfera penso que acabou por trazer uma uniformização completamente desinteressante: passou a ser interessante ser "contra os sistemas", passou a ser interessante ser revolucionário e pôr em causa as coisas - pena que isso não tenha sido acompanhado por uma maior procura do conhecimento sobre o que se debate (cada vez mais há pessoas que "opinam" sobre futebol e gestão desportiva, mas ouve-se tantas ou mais imbecilidades do que se ouvia antes).

      A ideia que tenho é que nos últimos anos os sportinguistas se aproximaram gradualmente dos benfiquistas e portistas e hoje a diferença é mínima; mas que não era assim no Passado.

      Os dirigentes/responsáveis/treinadores podem até ser maus, uns mais que outros, mas a vastíssima maioria que comenta o seu trabalho é muitíssimo pior.

      Sobre o Sporting, em si, continua a ser uma Instituição marcadamente diferente de todas as outras, ainda que talvez já o tenha sido mais.

      Um grande abraço

      Eliminar
  5. Lamento mas não consigo acreditar em Sá pinto. Jogos após jogos, más exibições atrás de exibições e tem a lata de dizer em todos os jogos que fomos melhor e tivemos azar. Gota de agua no ultimo jogo quando diz que a pressão esteve muito bem... Sá não ganha amanha, e na minha opinião tem que sair. E só defendo que tenha que sair porque a época vai no inicio, e se queremos almejar alguma coisa temos que mudar de treinador, trazer um homem experiente, que seja rato e consiga motivar os jogadores. De Sá só lhe atribui o ultimo tópico.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Carlos,

      Não há nada que lamentar, cada um acredita naquilo que quiser; eu acredito na capacidade de Sá Pinto dar a volta a situação, mas não tenho tenções de "impingir" essa crença a ninguém (o que pretendo impingir é civismo e respeito a quem vai ao Estádio, que é coisa que infelizmente não se tem visto nos últimos jogos - e a troco de quê, que benefício há nisso para o Sporting? quem pretende descarregar frustrações tem não só a porta da saída, como as roulottes cá fora...)

      Não concordo bem com essa categorização das exibições (houve umas melhores e outras piores, algumas em que fizemos o suficiente e outras em que, sendo ainda assim superiores ao adversário - algo que acontecerá invariavelmente - não conseguimos ser fortes o suficiente para desmontar as suas estratégias).

      Sou também dos menos críticos das declarações: acho que não poderíamos esperar que Sá Pinto viesse (sobretudo tão cedo) pôr em causa quer os jogadores quer a si próprio, não podíamos esperar que viesse fragilizar a sua própria posição e a do grupo.

      No mais, as declarações importam-me pouco nesse sentido (disse bem ou mal do comportamento da equipa); interessam-me apenas para perceber se o treinador percebeu minimamente o jogo, e regra geral tenho achado que isso se tem passado.

      A ideia quanto à pressão é tão só de que o objectivo era deixar o adversário sair, condicionando a forma como saía (se pelas alas ou pelo meio, pela direita ou pela esquerda) e depois cair em cima quando a bola chegasse a uma determinada zona; não resultou porque o Basileia não quis sair (limitou-se a trocar a bola entre centrais e guarda-redes, e essa não era a zona de pressão que o Sporting tinha predefinida) e porque o Sporting estava a jogar com 10 (convenhamos que dificulta sempre perante equipas que se limitem a gerir o jogo e o empate).

      Acho que o Sporting tem de pressionar um pouco mais à frente (porque os adversários não vão arriscar muito na saída de bola e porque o empate é regra geral para eles bastante positivo), e espero que Sá Pinto corrija isso; ainda que percebendo que

      i) não se pode andar a correr atrás dos adversários desde que o seu guarda-redes mete a bola em campo (porque das duas uma, ou metemos muitos jogadores logo na frente - e se eles passarem essa fase de pressão têm caminho aberto até à baliza -, ou pressionará cada um por si - quantas bolas se recuperarão assim?)

      ii) com menos um jogador, é sempre mais difícil conseguir exercer uma pressão activa e em profundidade; se com 11 já não se deve partir a equipa a defender, com 10 é ainda mais perigoso meter vários jogadores a pressionar no meio-campo adversário

      Eu não mudava de treinador, e estou com Sá Pinto até ao fim; o Sporting revolucionou os escalões de formação e o futebol profissional nos últimos dois anos, e precisa de criar estabilidade presente para que o futuro chegue realmente. E essa estabilidade tem que ser encabeçada por quem conhece o presente e o futuro (jogadores e formas de jogar de todas as equipas de futebol do Sporting), por quem partilha da estratégia que está a ser seguida e por quem tem ambição.

      Claro que não concebo nenhum quarto lugar; o Sporting tem de melhorar mas estou convicto que o vai fazer, e não será por mim que as condições para isso serão mais... difíceis.

      Pensei abordar a questão do treinador experiente, com currículo e estrangeiro (aquilo que actualmente se pede) no post, mas deixo o desafio: compare-se os resultados que os treinadores titulados e estrangeiros tiveram em Portugal, nos últimos anos, com os portugueses; e veja-se qual o Benfica, Porto e Sporting mais fortes da última década e quem era o treinador que liderava então a equipa.

      A experiência é um extra interessante, mas não há nada como boas ideias, boa estratégia, ambição e conhecimento da realidade em que se está.

      Nomes não ganham jogos.

      Um abraço

      Eliminar