segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Jesualdo Ferreira e um novo modelo de gestão no futebol

É preciso, da parte de quem dirige (…) capacidade para se questionar, repensar opções, entender que há pessoas que percebem mais do fenómeno em causa (futebol). É preciso delinear finalmente um plano, e é preciso que se dê autonomia de decisão a quem percebe do fenómeno e acredita nesse plano. É preciso repensar o método de escolha das equipas técnicas. É preciso coragem, porque são muitas as boas decisões que inicialmente são impopulares. E é preciso convicções porque sem elas o Sporting não ganha jogos de futebol de forma sistemática.

Escrevi isto na minha última mensagem aqui no blogue, há 21 dias atrás. É portanto natural que esteja satisfeito com a escolha de um gestor técnico para o futebol do Sporting – não podem ser os advogados, os jornalistas e os gestores financeiros a tomar opções de carácter futebolístico (terão porventura – não todos – competências para gerir outras áreas, para tomar outro tipo de decisões: o Sporting é um universo grande mas com especificidades que só quem as domina pode fazer nelas um bom trabalho).

Há um problema neste novo modelo: a situação actual é para ele pouco propicia. Presumimos, porque não o sabemos, que o treinador Vercauteren veio para o Sporting preencher determinadas funções e não esperaria a vinda de alguém que interferisse com o seu trabalho. Jesualdo fá-lo-á: as declarações de Godinho Lopes do próprio assim indicam. Esperemos que exista sensibilidade para que o novo coordenador do futebol do Sporting e Vercauteren não choquem – trabalharem em conjunto parece-me ser, por si só, um desafio (a qualidade do trabalho será outra questão).

Passamos então do novo modelo (e do contexto em que surge) para o novo coordenador de futebol, Jesualdo Ferreira.

O ponto inicial que realço é a capacidade revelada por Godinho Lopes de ouvir os outros (ou melhor, mais que ouvir os outros, ouvir/ter em conta a opinião de pessoas inteligentes e conhecedoras do que falam - é um bom princípio).

Sigamos para a assertividade da escolha de JF. Não conheço profundamente Jesualdo, e talvez por isso (ou não) tivesse outros preferidos para o cargo. Mas conheço minimamente o trabalho que costuma desenvolver no futebol – e esse é bom, sem ser brilhante. Sabe organizar e estruturar equipas no campo, conhece a realidade em que vai trabalhar. Estudou o futebol de forma aprofundada, e isso, ainda que não sendo garantia de nada (pode-se conhecer as bases, não se sabendo muita coisa; tal como se pode conhecer a teoria sem se fazer ideia de como a aplicar à prática – não me parece ser o caso), é positivo.

Espero, portanto, duas coisas:

1) Que Jesualdo Ferreira consiga relacionar-se bem e trabalhar em conjunto com as equipas técnicas das equipas de futebol do Sporting (sobretudo com a da equipa principal), ajudando-a e sendo assim também ajudado por ela

2) Que dessa cooperação e boa relação resulte um trabalho profícuo e transversal às várias equipas de futebol do Sporting


O momento é muito complicado, e Jesualdo Ferreira não é garantia de ser o que o Sporting precisa para dar um rumo ao seu futebol. Mas poucos – ou nenhuns – o seriam. E, entre as que conheço, não seriam muitas as pessoas mais habilitadas para tal cargo que o prof. Jesualdo Ferreira.

É o regresso da coordenação do futebol do Sporting a figuras que o dominam. A pessoas que estão simultaneamente na sua vertente teórica e prática há muito tempo. E isso - ainda que não chegue - já é muito.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O (futebol do) Sporting é um deserto:

Quase total. Não apenas de resultados recentes, mas sobretudo de ideias.

Da parte de quem dirige, não se percebe muito bem o rumo do futebol – que semelhanças têm Sá Pinto e Vercauteren? Ou Luís Duque e Paulo Farinha? Existirá algum plano de fundo quando se acredita e aposta, num curto prazo de tempo, em pessoas de perfil tão diferente para o mesmo cargo?

Da parte de quem critica, falta o básico – pensar. Perceber o que se tem feito de mal (fundamental para melhorar) e o que se tem feito de bom (fundamental para não piorar). Como procurar construir o que quer que seja, tendo coisa nenhuma como base?

Está-se a aproximar a hora de quem dirige acertar nas decisões e ter resultados. Porque é a última oportunidade que terão – o futebol este ano tem tido resultados para lá de péssimos, e é preciso trazer de novo aos sportinguistas a alegria dos primeiros tempos de Domingos Paciência ou da campanha europeia de Sá Pinto. Mas com um método menos “temporário” – um que garanta apenas alegrias “a prazo” já não serve (o tempo para isso já passou).

Com todo o respeito para Vercauteren, não é uma opção que pareça a indicada para sucessos duradouros. Por várias razões - a principal é o deserto de ideias que a equipa de futebol tem apresentado, a forma como parece sempre pouco unida (este jogo em Basileia foi muito semelhante ao jogo que o Sporting de Sá Pinto disputou com o Estoril este ano – jogo esse em que o Sporting abdicou do que de bom vinha fazendo até aí, ficando só o mau).

É preciso, da parte de quem dirige (não apenas, mas também porque isso não existe na maioria dos mais acérrimos críticos) capacidade para se questionar, repensar opções, entender que há pessoas que percebem mais do fenómeno em causa (futebol). É preciso delinear finalmente um plano, e é preciso que se dê autonomia de decisão a quem percebe do fenómeno e acredita nesse plano.

O futebol do Sporting precisa urgentemente de um rumo. Até ao fim da temporada, seria bom que Vercauteren elevasse a equipa para níveis mínimos – e isso implicaria ter também ele de ter as qualidades acima referidas. Chegar à Europa e começar a acertar nas decisões futebolísticas. Ou dar a vez a outros.

Há portanto para quem dirige um desafio que pode ser o início desse plano/futuro (sendo dificilmente mais que isso). Fazer esta equipa evoluir até patamares mínimos e terminar a temporada sem manchar excessivamente os pergaminhos do futebol do SCP.

 Mas é de seguida necessário escolher um bom treinador (mais que nós, os nossos maiores rivais conhecem, por experiência própria e actual, a importância que um treinador tem nas prestações da sua equipa de futebol). E aí é preciso menosprezar os critérios que levaram à contratação de Vercauteren (estrangeiro, “créditos firmados”, com títulos). Porque poucos aliam esses critérios a uma capacidade actual para treinar o Sporting (e quase nenhuns estão disponíveis para o cargo). André Vilas Boas, José Peseiro e Jorge Jesus são exemplos de treinadores que, quando chegaram a um grande, não eram estrangeiros, não tinham títulos importantes e não eram garantia de sucesso. Mas eram bons e fizeram um bom trabalho.

Quem dirige deve ter estes exemplos em atenção. Sobretudo num mês em que Carlos Carvalhal, Mauricio Pochettino (Espanhol) e Unai Emery (Spartak) foram despedidos dos seus clubes (já aqui tinha referido o segundo; e, à data, não imaginava que o primeiro e o último estivessem agora disponíveis).

É preciso repensar o método de escolha das equipas técnicas. É preciso coragem, porque são muitas as boas decisões que inicialmente são impopulares. E é preciso convicções porque sem elas o Sporting não ganha jogos de futebol de forma sistemática.

sábado, 27 de outubro de 2012

Mudanças (?)


Haveria muito para comentar quanto ao futebol do Sporting – jogos e resultados, qualidades deste e daquele jogador, assertividade desta ou aquela opção. Haveria muito para comentar sobre o futebol do Sporting nas últimas semanas, mas não o fiz. Não tive vontade de o fazer. Discutia há tempos com um amigo que a blogosfera era um espaço onde pessoas como ele teriam talvez duas opções claras: permanecerem e serem um espaço isolado (diferente) dos demais ou pura e simplesmente a desprezarem, porque, na sua maioria, não merece o tempo (e os assuntos) que com elxa se gasta(m).

Gosto muito de discutir o Sporting, gostaria de ter tido vontade para o fazer aqui – sempre num registo marcadamente diferente dos demais, porque pensar por mim e não seguir a corrente é a única coisa que tenho de fazer para que isto possua algum valor que seja. Repetir o que os outros dizem seria pura e simplesmente gastar tempo, comentário a comentário, artigo a artigo. Escrever letras mais letras, sem substância alguma – e as palavras, tanto como o Sporting, não o merecem.
Penso no que a blogosfera trouxe ao Sporting nos tempos mais recentes, e assusto-me. Parece-me claro que a sua representatividade tem aumentado. Notei-o particularmente há poucos dias, quando falava com uma outra pessoa que conheço, fora deste círculo, e ouvia frases que jurava ter lido “por aí” (não com a mesma forma, claro, mas com conteúdo muito idêntico).

A conclusão que tiro é que a blogosfera tira mais do que o que dá ao Sporting – cria uma corrente de opinião que não é opinião; mas que se alastra; cria um conjunto de ideias, que serão mais e mais partilhadas por outros, mas que não são ideias (é preciso pensar para haver ideias, não escrever só). Enfim, entristece-me: há hoje um número muito significativo de sportinguistas (e por sportinguistas poderia dizer jovens, ou pessoas, mas a discussão resvalaria para locais que não o mapa em que o blogue se insere) que sabe tudo sobre tudo, menos pensar e fazer. Os conhecimentos são infinitos, mas a responsabilidade fica para os outros. As ideias são certezas, mas não são sequer ideias – conjunto de frases soltas repetidas até à exaustão que não servem em nada a discussão (porque não servem de forma alguma o Sporting).

Porque para discutir o expresso no primeiro parágrafo há tanta gente (e há por aqui tão pouca vontade para o fazer quando todos o fazem; poucos de forma interessante), foco-me apenas num ponto que vou comentar porque me parece absolutamente fulcral para o Sporting: mudanças no CD e entrevista de Godinho Lopes – duas coisas que se relacionam, logicamente.

Parece-me que em Godinho Lopes há muita vontade, há empreendedorismo mas tenho dúvidas da sua capacidade de dar a volta a situação. Se Paulo Farinha Alves é advogado ou pasteleiro é algo que tem muito pouca relevância quando o ponto crucial desta escolha é a vontade de Godinho Lopes estender o seu poder de decisão ao futebol (e as saídas de Carlos Freitas e Luís Duques, saídas que foram provocadas somente por uma vontade de mudar a organização do futebol sportinguista – outras pequenas razões jamais seriam suficientes para Godinho Lopes tomar uma medida tão pouco popular: porque se todas são pouco populares por quem está manifestamente contra as suas opções, esta é-o também para quem se revia nas ideias/no trabalho que vinha sendo feito no futebol).

Não sou fã da ideia – não vejo que modelos presidencialistas sejam solução para o Sporting porque seria preciso que o presidente em causa fosse não só competente na sua área, como soubesse verdadeiramente pensar (algo de muito mais difícil do que parece, ainda que algo que levaria a que as decisões fossem maioritariamente boas não apenas em algumas, mas em todas as áreas do clube).

E temo o futuro – parece-me que Godinho Lopes não percebeu o que foi feito de bom nem de mau no futebol (e que terá tendência para corrigir mais o que foi bem feito que o que foi mal feito); por outro lado, estou absolutamente seguro que há muito poucos sportinguistas que o percebem também).

Enfim, por um lado vejo um modelo que não acho mau (não seria seguramente o meu, como nunca nenhum será o meu; o que está longe de significar que seja pior) a ruir cada vez mais, e um conjunto de pessoas que são totalmente incapazes de perceber o que foi bem e mal feito (o essencial para se corrigir os problemas/erros) a ganharem preponderância e aceitação na “nossa” sociedade civil.

Por enquanto, estas mudanças serão pouco visíveis: o treinador já estava escolhido, as mudanças que serão efectuadas em Janeiro porventura já estavam a ser debatidas. O futebol do Sporting continuará a ser regido mais ou menos da mesma forma durante uns tempos. Seguramente com melhores ou piores jogos ao fim-de-semana, mas estruturalmente só mudará mais tarde. E o meu receio é que, ai, o que é bem pensado não o continue a ser.

«É possível, porque tudo é possível» (Jorge de Sena) que o essencial do futebol do Sporting não piore (i.e., se mantenha ou melhore) – e, não se piorando o essencial, o que tem vindo a falhar acabaria por se acertar mais cedo ou mais tarde. Só não penso que seja o que seria importante ser – provável. Penso-o cada vez menos. Ainda assim, não o troco por nada que já “conheça” – ou que saiba que possa vir a ser uma realidade -. Porque pior é sempre possível – e, neste caso, atendendo às críticas que são feitas por quem se pode perfilar como possuidores de um caminho alternativo, é também provável.

sábado, 6 de outubro de 2012

Desiludido

Ricardo Sá Pinto, percebemos pelas declarações de quem manda no Sporting, ainda acreditava na capacidade de inverter os maus resultados e tornar o futuro melhor do que o passado (recente, e não tão recente quanto isso). Acreditava ele e eu, que estou desiludido com a opção tomada: muitos dos resultados recentes não me parecem ser maioritariamente culpa do treinador (i.e., não me parece por exemplo que a derrota neste jogo com o Videoton, em que Sá Pinto me parece ter tentado corrigir uma ou outra coisa menos boa do jogo anterior, tenha como principal explicação/causa um mau trabalho do treinador).

O presidente do Sporting acha que foi o (terrível) trabalho de Sá Pinto que levou ao 0-3 na Hungria. Eu tenho muitas dúvidas que assim seja.

Parece-me contraditório (ou só estranho) que se defina – acertadamente - os critérios para a escolha do próximo treinador com base nas ideias, proposta de jogo, compreensão de futebol e capacidade de potenciar jovens talentos, quando se demite alguém que tem todas estas características.

Não encontro sentido.

Deixando para trás o que foi o passado de Sá Pinto enquanto treinador do Sporting (discutir os méritos que supostamente teve nos bons resultados da temporada passada, ou o demérito que supostamente teve neste fraco começo de época, é importante mas não o decisivo - esses pontos já não se perdem nem se ganham), não acredito que existisse melhor opção do que continuar com Ricardo Sá Pinto. Para o jogo do Dragão e para os jogos seguintes.

Porque me parece difícil que os resultados, no futuro próximo, sejam suficientemente melhores. Suficientemente melhores para justificar a perda que é Ricardo Sá Pinto para o futuro do Sporting.

Oxalá se encontre alguém com um perfil pouco distante de Sá Pinto. E se possível, mas só se possível, garanta o êxito imediato que exige quem governa o Sporting - caso contrário, (muito) dificilmente cá ficará. Porque «o Sporting não pode perder mais pontos».

Nota 1 – Um pouco desiludido também com algumas opções/escolhas de Sá Pinto no jogo com o Estoril. Desiludido também Sá Pinto consigo próprio, por certo. Mas convicto de que acabaria por fazer melhor que qualquer outro que lhe venha a suceder. Não é para si o fim de linha, porque saberá como alcançar o sucesso no futebol. E muito dificilmente não o alcançará.

Nota 2 - Um empate. Cinco derrotas. Nenhuma vitória. Ter um mau conjunto de resultados não significa necessariamente ter um mau treinador. Será possível ter-se sucesso acreditando no contrário? Com alguma sorte, talvez. (Mas) é tudo uma questão de probabilidades… Às vezes há surpresas e, mais que os adversários, o Sporting merece-as.

sábado, 29 de setembro de 2012

Preocupado


Os últimos jogos (antes do encontro com o Gil Vicente) traziam-me frustração, mas também esperança. O jogo de segunda-feira trouxe-me um misto de esperança com alguma preocupação (era fundamental encontrar um meio-termo entre o que a equipa vinha fazendo antes desse jogo, e o que fez aí – que não foi de todo o ideal). 

Hoje, estou preocupado.

Preocupado pela revolução que Sá Pinto operou na estrutura da equipa; preocupado pelos jogadores que tem constantemente deixado de fora (por mais que todas as opções sejam aceitáveis, Daniel Carriço, André Martins, Adrien e Jeffren fazem muita falta à equipa, no relvado, e desde o minuto 0).

Felizmente, Sá Pinto deu, durante e depois do jogo, indícios de que percebeu que há algumas apostas que devem ser feitas (indícios que espero terem… continuidade).

Resta perceber se compreenderá exactamente o que falhou, e se será capaz de garantir à equipa uma estrutura sólida que permita aos (muitíssimo bons) jogadores do Sporting explorar todo o seu potencial.

Eu acredito, mas o jogo de hoje foi um duro golpe.

sábado, 22 de setembro de 2012

Neste Sporting, e em Sá Pinto, eu acredito

Não tenho actualizado este espaço, não tanto por falta de disponibilidade, mas por falta de vontade em participar na discussão que agora envolve o Sporting.

Partilho a preocupação e a frustração com a ausência de resultados, mas não partilho com a maioria dos sportinguistas a forma de reagir a essa frustração. Os assobios constantes na bancada, os lenços brancos que já se viram em Alvalade e as críticas que se ouvem na bancada culminam hoje com as capas dos jornais desportivos: em todos eles, o treinador RSP sai fragilizado, colocando-se em causa a sua continuidade.

Como o PLF bem refere, a aposta em Sá Pinto não se esgota em si mesmo: o Sporting apostou numa nova forma de trabalhar o seu futebol sénior, o seu futebol formação e sobretudo a ligação entre estas duas realidades. E a (ousada) estratégia – cujos resultados só poderão ser totalmente visíveis a médio/longo prazo – tem como figuras maiores os dirigentes do futebol leonino e a equipa técnica do futebol profissional.

É por isso que, se Godinho Lopes e Luís Duque continuam a ver futuro nesta estratégia – e capacidade nos actuais intervenientes para a implementarem -, devem vir a público tomar uma posição muito clara: a da defesa intransigente da estratégia que querem implementar, bem como a da equipa técnica que a personifica no futebol sénior.

É fulcral que se retire a enorme pressão (agora não apenas interna, mas também externa) que rodeia actualmente a equipa técnica e os jogadores. É preciso que se afirme muito claramente que quem estiver em Alvalade na segunda-feira não vai estar com rescisões de contrato apontadas; e é preferível que essas afirmações de confiança sejam públicas, para que todos estejam cientes que o Sporting tem uma estratégia de que não abdica, que tem um futuro que não troca por um golo ao Gil Vicente.

Não vou dizer que estou plenamente satisfeito com o futebol da equipa – não estou. Nem vou dizer que estou minimamente satisfeito com os resultados recentes – porque não o estou de todo. Mas, ao contrário do que se verificou o ano passado aquando da crescente pressão sobre Domingos Paciência, acredito que i) há margem para melhorar e crescer muito; e ii) há capacidade nesta equipa técnica – e particularmente em Sá Pinto - para dar a volta à situação e lidar com este momento terrível.
Eu acredito neste Sporting, e acredito em Sá Pinto. E não estou disposto a trocar um futuro no qual acredito por um presente que não estou certo que vá ser melhor. Vou manifestá-lo em Alvalade na segunda-feira novamente, e exorto a todos os que partilham da crença que o Sporting vai dar a volta a esta situação (com os actuais intervenientes) que também o façam – que por cada um que assobie e ponha em causa a equipa, existam dois que a apoiem e manifestem nela confiança.

O futuro que falo não são apenas as 27 jornadas para o Campeonato, a Liga Europa e as taças nacionais que ainda faltam disputar.
O futuro é também a Equipa B, composta por variadíssimos jogadores talentosos que Sá Pinto, além de conhecer bem, já potenciou e fez evoluir na formação. O futuro é também os juniores, os juvenis e os iniciados, treinados por pessoas que partilham a estratégia que Sá Pinto está a tentar implementar. O futuro é em suma a estratégia que foi idealizada com as mudanças feitas em todo o futebol do Sporting. E quem tem esperança nesse futuro não pode desistir tão cedo.

sábado, 15 de setembro de 2012

Mudanças na comunicação institucional

Há duas formas de ver algumas “novidades” dos últimos dias – lançamento do jornal em formato digital, regresso de treinos abertos aos sócios e comunicação social, regresso de Sá Pinto às conferências de imprensa e previsão da abertura de um canal televisivo institucional.

Uma é achar que são acontecimentos isolados; outra é acreditar numa mudança de estratégia comunicacional do Sporting CP. Eu acredito logicamente na segunda (até pelas declarações de intenções de RPF, membro do CD). Porque se as duas perspectivas são possíveis, há uma que é (muito) mais verosímil que a outra.

E isso são muito boas notícias (ainda que não sejam o fundamental, uma comunicação mais clara e mais pró-activa é importante – desde que complementar com uma boa gestão). A larga maioria dos sportinguistas, interessada no presente do Sporting CP, merece-o e ver-se-à beneficiada.

Será fundamental que, ao primeiro revés, o clube não se volte novamente para dentro de si próprio e se feche ao exterior. A maioria dos sportinguistas não o quererá e, sobretudo, não o merecerá – sacrificar os interesses de uma maioria pela vontade de destruir de alguns não está na génese de um Sporting democrático e onde o respeito, a transparência e a crença na capacidade de fazer diferente (e melhor) sem atacar sempre foram considerados basilares.

É portanto importante que das palavras se passe aos actos, e não se abdique desta nova estratégia comunicacional. Porque não há melhor forma de proteger o Clube que informar, esclarecer e explicar. Para que os sportinguistas tenham mais dados para formar opinião e para fazer opções – entender esta ou aquela estratégia como a ideal para o Clube, debater escolhas.

Não muda o essencial - o que se faz no Sporting - mas permitirá excluir cada vez mais a desinformação. É que não havendo uma comunicação institucional activa, o debate centra-se muito mais em notícias, rumores e interpretações que, tantas vezes, não têm correspondência alguma com a realidade - e sobretudo que não têm em conta o porquê de determinadas opções e estratégias.

Pode-se concordar ou discordar das opções, mas é bom que elas sejam explicadas (para os que não percebem, e para os que não têm interesse em perceber; mas também para que os sportinguistas possam propor cenários e estratégias alternativas - a dificuldade de o fazer aumenta, mas fazê-lo passará a ser ainda mais um desafio que honrará o sportinguismo).

Que à mudança na Comunicação se alie uma mudança de resultados na gestão desportiva. O Sporting já o merece. E são esses os seus desígnios.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Adrien Silva, grande(s) golo(s)

Muito se falou da questão da renovação do Adrien com o Sporting nas últimas semanas. Noticiou-se bastante sobre o assunto, comentou-se excessivamente o tema, mas o desfecho foi divulgado hoje. E foi um grande golo para o Sporting (talvez o 2-0, porque o 1-0 já havia sido marcado quando se decidiu integrar o Adrien no plantel, e apostar nele – quem quis apostar no Adrien sabia que ele tinha valor para ser aposta forte, e com isso justificar a confiança que o jogador havia pedido).

Adrien e André Martins têm muito em comum: são os mais talentosos médios do fortíssimo meio-campo do Sporting (ainda que F. Rinaudo seja um médio-defensivo ímpar em Portugal), são os mais jovens de entre todos os médios da equipa, e são jogadores com quem o Sporting conta para os próximos anos –o A.M. já havia renovado em Maio o seu contrato até 2016. Adrien tem aparecido invariavelmente no onze inicial, Martins tem sido talvez o suplente mais utilizado: mas são jogadores compatíveis, e que aliás poderiam jogar muito bem próximos um do outro.

Enfim, é em suma mais uma boa notícia para o Sporting Clube de Portugal. Depois de Cédric Soares, Rui Patrício e André Martins: Adrien Silva; faltando ainda Bruno Pereirinha e Daniel Carriço, futebolistas com quem faz sentido renovar. E entre estes nomes encontram-se alguns dos mais talentosos e capazes futebolistas com quem o Sporting tem actualmente contracto. A reflectir.

Nota – Curiosas algumas semelhanças entre Adrien Silva e o belga Axel Witsel – quarenta milhões era o valor da cláusula do belga, batida pelo Zenit, e quarenta milhões é o valor da cláusula do novo contrato de Adrien no Sporting; nasceram ambos no ano de 1989; e são jogadores próximos no perfil técnico e na inteligência que possuem.

Valorizemos o que é nosso e é bom. Todos.

sábado, 1 de setembro de 2012

Opinião sobre a competitividade e sustentabilidade do futebol português


Num fim-de-semana em que o Sporting não joga, aproveito para reflectir um pouco sobre a situação do futebol nacional e internacional, sobretudo em termos financeiros. Nas últimas semanas o Record e, sobretudo, o Público, nas suas versões impressas, presentearam-nos com entrevistas com vários académicos e economistas (lamento não me recordar dos seus nomes, nem possuir quaisquer citações) que produziram estudos sobre a situação financeiras dos clubes portugueses. É uma questão que naturalmente interessa e afecta o Sporting, e por isso vou opinar sobre as ideias e conclusões destes académicos.


Modelo competitivo

O problema da competitividade do futebol português é claro. As baixas assistências nos jogos entre alguns clubes da Primeira Liga, e (também como consequência desse pouco “mercado” do clube) as baixíssimas receitas que arrecadam são um problema há muito identificado no futebol português.

Li propostas com soluções variadas: desde a criação de “Ligas Europeias” a um modelo de recrutamento de jogadores, semelhante ao que existe na NBA (Liga de Basquetebol norte-americana). E não concordo com nenhuma. É verdade que o Futebol, actualmente, é um negócio, e deve – em parte - ser encarado como tal (os clubes que não se profissionalizarem e não se adaptarem às exigências actuais terão dificuldades em prevalecer).

Mas há algo que torna este tipo de soluções desadequadas: as questões culturais. O sentimento de identificação com uma determinada identidade clubística não tem par no Basquetebol americano (sobretudo, na altura em que as “franchises” surgiram) e, sobretudo, a população existente em Portugal fora das regiões de Porto e Lisboa impede um crescimento elevado dos restantes Clubes. Portanto, uma “distribuição” de talento que visasse colocar grandes talentos em clubes de média dimensão não atrairia receitas suficientemente significativas, que permitissem a esses clubes manterem esses jogadores e se tornarem, futebolisticamente, muito mais competitivos. Em Portugal e também noutros países. Solução portanto desadequada, na minha opinião. É também por razões culturais e históricas que não vejo nas Ligas Europeias uma bola solução.

Ainda assim, esta última já me parece uma solução mais interessante. Há efectivamente que reflectir e alterar o paradigma, porque a pouca competitividade e a falta de interesse de muitos dos jogos que acontecem na Liga Portuguesa não se coaduna com a importância de 4/5 clubes portugueses a nível internacional (os três grandes, em franco destaque, e mais uma ou outra equipa um pouco abaixo; equipas cujo número de apoiantes e resultados recentes a nível internacional justificam a existência de um Campeonato mais competitivo que aquele que, nesta jornada, por exemplo, terá um jogo como o Beira-Mar x Moreirense… que interesse há em jogos destes, para eventuais espectadores? Muito pouco).

Sustentabilidade:

O problema da competitividade está também relacionado com o da sustentabilidade financeira. Os entrevistados falaram da questão do endividamento, e referiram que, regra geral, quase todos os clubes estão com orçamentos e despesas desfasadas das receitas que esperam obter. O alto endividamento é, portanto, transversal, e com o acesso ao crédito cada vez mais difícil, este problema deixa de ser apenas dos clubes de pequena dimensão, tornando-se também um problema sério para os clubes de maior nomeada.

Soluções como fundos de jogadores e parcerias são entendidas, pelos académicos em questão, como balões: acabar-se-ão por esvaziar, e é apenas um adiar do problema. A questão terá de ser tratada. O problema, para um dos entrevistados que falou ao Público, é que a questão não pode ser tratada individualmente: um clube que decida desinvestir para adequar as despesas às receitas e reduzir o endividamento face aos credores partirá em desvantagem face aos demais.

Na prática, até pode fazer o mesmo com menos. O Braga tem sido um exemplo disso mesmo em Portugal: com orçamentos moderados, tem tido resultados próximos dos grandes no Campeonato, e feito boas carreiras europeias (já chegou a uma final da Liga Europa e, este ano, arrecadou 10 milhões de euros pela presença na fase de grupos da Champions). O seu rival do Minho, o Guimarães, definiu uma estratégia clara também com os novos corpos sociais do Clube: reduziu significativamente o orçamento (jogadores como Nuno Assis, Pedro Mendes, João Alves e Edgar saíram) e definiu uma estratégia de apostar em jovens activos com talento, valorizando-os (e a manutenção do treinador Rui Vitória, que já em Paços de Ferreira havia trabalhado e feito crescer jogadores como David Simão, Nélson Oliveira, Pizzi e até mesmo Caetano, foi estratégica). Conseguindo um plantel de qualidade e com vários activos que podem valorizar bastante, contratando um treinador capaz de o fazer e criando a Equipa B, o Vitória mostra que pode fazer uma época tranquila, com muito menos gastos, e crescer a médio prazo para patamares mais elevados.

No entanto, na teoria, é efectivamente mais complicado lutar pelos mesmos objectivos que os outros com bastante menos recursos. E é aqui que entra a solução proposta pelo entrevistado que já referi: uma orientação da UEFA, que vise estabelecer um tecto salarial (que varie em função das receitas) e uma mão pesada perante os clubes que se endividarem e entrarem em incumprimento. A solução da tal «Liga Europeia» foi também referida relativamente a questões financeiras, dadas as receitas que poderiam advir para os principais clubes portugueses por jogarem regularmente com equipas de topo europeu (as outras equipas em Portugal jogavam com equipas com estatuto europeu semelhante, penso).

Esta solução de uma adequação das despesas às receitas ser implementada de forma colectiva carece de maior substância (as despesas seriam calculadas em função exactamente do quê?), mas, no geral, penso fazer bastante sentido.

Conclusões:

Acima de tudo, no futebol português em particular – e no futebol internacional no geral - existem dois problemas que devem ser resolvidos, até pelas dificuldades crescentes que se esperam em termos económico-financeiros no Mundo (e, novamente, em Portugal em particular): a falta de competitividade de alguns Campeonatos Europeus, nos quais o nosso se insere, e o alto endividamento dos clubes nacionais. São dois problemas que estão relacionados: ainda que não fosse talvez suficiente, uma maior competitividade no Campeonato Português geraria por certo mais receitas.

A solução que tem sido defendida pela Liga (por Mário Figueiredo) é a venda dos direitos de transmissão televisiva em termos colectivos. Mas para esta questão devemos reflectir em duas coisas:
      
     1)    Este é o patamar máximo de qualidade que a Liga pode atingir, no sentido de valorizar o seu Campeonato e torna-lo um produto interessante? Isto é, não há possibilidades de valorizar o produto que se quer vender, antes da venda?

v      2)      A venda procurará incrementar as receitas dos clubes pequenos. Mas este aumento será suficiente para criar um conjunto de 13 (ou 15…) equipas cuja competitividade não desmereça um dos melhores Campeonatos da Europa, a seguir às Ligas de topo internacional? E um conjunto tão elevado de equipas com um número muito reduzido de sócios e adeptos presentes nos Estádios não é talvez o único handicap do Campeonato Português face a alguns outros Campeonatos da Europa (os resultados dos principais clubes alemães nos últimos anos, por exemplo, não têm sido assim tão superiores aos que o Benfica e o Porto têm obtido em termos internacionais)?

É preciso que o Campeonato Português seja mais competitivo: a larga maioria dos portugueses, adepta de um conjunto de não mais que 12/13 equipas, beneficiaria muito com isso. E esse conjunto de clubes também – poderiam ter maiores receitas e maiores assistências. A Liga, consequentemente, teria um produto bem mais interessante para vender. Mas se é por haver um conjunto (baixo...) de jogos muito pouco interessantes e emotivos que a Liga não tem mais valor, que outra forma de resolver o problema que não um Campeonato com estádios mais cheios, com mais jogos emotivos (e menos jogos desinteressantes)? E como o conseguir?

É também preciso que os clubes portugueses não se endividem tanto quanto o têm feito nos últimos anos. É possível manter a competitividade dos clubes portugueses face aos restantes clubes internacionais? A tal ideia de um controlo de despesas mais apertado da parte da UEFA, a nível colectivo, garantiria-o. E uma boa gestão  faria o resto.


Questões importantes, que urge resolver a curto prazo. Porque não é só clube x ou y que está mal; dos grandes, é natural que quem não tem ido à Liga dos Campeões (Sporting) sinta mais dificuldades desportivas e financeiras; mas também o Porto e o Benfica, como a larga maioria dos restantes clubes nacionais, têm tido orçamentos incomportáveis e desfasados da realidade que as suas receitas lhe impõem. É que um dia o balão esvazia… e para todos. Dada a situação financeira da Europa então… é preciso encarar o problema de frente.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

casa sportinguista

Começo por introduzir este espaço pessoal. O casa sportinguista marca a minha procura de pensar crítica e construtivamente o Sporting na Internet.

Quanto à assertividade da minha opinião, pouco posso prometer – quem me conhece saberá o que esperar, quem não me conhece e vier ler mais tarde verá. A postura será essencialmente voltada para um pensamento construtivo do Clube – e digo-o nesta primeira mensagem para definir um rumo.

Servir e impulsionar o Sporting – uma missão. E a minha forma de honrar a identidade matriz da larga maioria dos sportinguistas, que sempre se diferenciaram dos demais.

Peço algumas coisas a quem queira participar (cumprindo, será muito bem recebido neste espaço):

- Respeito, que terá de ser transversal; Um respeito quer perante quem escreve, quer perante quem comenta; É preciso respeitar para se ser respeitado.

- Responsabilidade, na medida em que os assuntos debatidos tratarão sobretudo de factos (através de interpretação desses factos que se reja pela razão: opinião); Teorias especulativas ou rumores interessam pouco ao Sporting, e consequentemente ao blogue.

- Profundidade (ou não superficialidade), evitando-se os chavões simples e básicos, que limitem a discussão; pensar no que é feito, no que pode ser feito: alternativas e opções, discuti-las, não ver as coisas só a preto e branco.

Dentro desta postura – respeitadora, responsável e que se afaste dos lugares comuns – terei todo o prazer em discutir a actualidade do Sporting, de que forma penso que pode crescer/melhorar, e até onde o pode fazer, seguindo essas ideias.

O blogue tratará sobretudo (provavelmente não só, mas sobretudo) do futebol do Sporting – com sportinguismo -, já que é aquilo que mais gosto de discutir.

Venha o debate. Honremos o Sporting Clube de Portugal e o sportinguismo.


Nota – Por opção, este blogue não possuirá a chamada “blogroll”. Pedidos serão portanto desnecessários.