sábado, 6 de outubro de 2012

Desiludido

Ricardo Sá Pinto, percebemos pelas declarações de quem manda no Sporting, ainda acreditava na capacidade de inverter os maus resultados e tornar o futuro melhor do que o passado (recente, e não tão recente quanto isso). Acreditava ele e eu, que estou desiludido com a opção tomada: muitos dos resultados recentes não me parecem ser maioritariamente culpa do treinador (i.e., não me parece por exemplo que a derrota neste jogo com o Videoton, em que Sá Pinto me parece ter tentado corrigir uma ou outra coisa menos boa do jogo anterior, tenha como principal explicação/causa um mau trabalho do treinador).

O presidente do Sporting acha que foi o (terrível) trabalho de Sá Pinto que levou ao 0-3 na Hungria. Eu tenho muitas dúvidas que assim seja.

Parece-me contraditório (ou só estranho) que se defina – acertadamente - os critérios para a escolha do próximo treinador com base nas ideias, proposta de jogo, compreensão de futebol e capacidade de potenciar jovens talentos, quando se demite alguém que tem todas estas características.

Não encontro sentido.

Deixando para trás o que foi o passado de Sá Pinto enquanto treinador do Sporting (discutir os méritos que supostamente teve nos bons resultados da temporada passada, ou o demérito que supostamente teve neste fraco começo de época, é importante mas não o decisivo - esses pontos já não se perdem nem se ganham), não acredito que existisse melhor opção do que continuar com Ricardo Sá Pinto. Para o jogo do Dragão e para os jogos seguintes.

Porque me parece difícil que os resultados, no futuro próximo, sejam suficientemente melhores. Suficientemente melhores para justificar a perda que é Ricardo Sá Pinto para o futuro do Sporting.

Oxalá se encontre alguém com um perfil pouco distante de Sá Pinto. E se possível, mas só se possível, garanta o êxito imediato que exige quem governa o Sporting - caso contrário, (muito) dificilmente cá ficará. Porque «o Sporting não pode perder mais pontos».

Nota 1 – Um pouco desiludido também com algumas opções/escolhas de Sá Pinto no jogo com o Estoril. Desiludido também Sá Pinto consigo próprio, por certo. Mas convicto de que acabaria por fazer melhor que qualquer outro que lhe venha a suceder. Não é para si o fim de linha, porque saberá como alcançar o sucesso no futebol. E muito dificilmente não o alcançará.

Nota 2 - Um empate. Cinco derrotas. Nenhuma vitória. Ter um mau conjunto de resultados não significa necessariamente ter um mau treinador. Será possível ter-se sucesso acreditando no contrário? Com alguma sorte, talvez. (Mas) é tudo uma questão de probabilidades… Às vezes há surpresas e, mais que os adversários, o Sporting merece-as.

4 comentários:

  1. Não me parece de todo que sá pinto soubesse o que andava a fazer. Desde as alteraçoes de tactica constantes á mentalidade superdefensiva para a mentalidade ultra atacante. Titulares para a bancada e vice versa. Mexer sempre no meio campo. Uma equipa nao consegue encontrar estabilidade assim

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  2. Perdão pela indelicadeza:

    http://www.record.xl.pt/Futebol/Nacional/1a_liga/Sporting/interior.aspx?content_id=782035

    GBC, são demasiados testemunhos e não acredito por um momento terem origem na linda cara do Sá Pinto. O trabalho estava a ser feito e tal como tu, sem saber, a quase certeza existe de que era um trabalho necessário e de qualidade. Não souberam esperar e enfrentar as dores de crescimento.

    'Parece-me contraditório (ou só estranho) que se defina – acertadamente - os critérios para a escolha do próximo treinador com base nas ideias, proposta de jogo, compreensão de futebol e capacidade de potenciar jovens talentos, quando se demite alguém que tem todas estas características'.

    Isto diz tudo, e é revelador de uma fé que pessoalmente não tenho. Ao contrário do que há 8 meses imaginei, Ricardo Sá Pinto não tomou o lugar de Domingos pelas razões certas. O presidente do Sporting tinha razão e a escolha resumiu-se de facto «à raça e querer», pouco importantes ao lado das maiores qualidades que SP reunia. E reune, ainda.

    A próxima escolha obedecerá quase de certeza a um critério semelhante. Isto é, inexistente, sabe-se lá baseado em quê. Um nome forte, muito possivelmente, nome que concentre atenções e faça recair sobre si o ónus do insucesso.

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  3. Critério inexistente para contratar e dispensar, sobrando resultados ...

    Já agora sobre a hipótese muito falada de Scolari, de todas as escolhas menos felizes consegue possivelmente ser a melhor entre todas. Ainda que no trabalho dos jogadores possa não ser grande espingarda, daria 'nome' ao clube, uma espécie de brilho, além de ser alguém que 'facilmente' (passa pelo menos a impressão) reporia os níveis de confiança da massa adepta e ordem num grupo.

    Claro, a partir do momento em que fala a linguagem dos jogadores. Não foi o caso no Chelsea onde cortando-se o fio de comunicação (ele não dominava o Inglês) com os comandados, um treinador com o perfil de Scolari perde à partida muito do seu 'charme'.

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  4. Também começo a perder a fé (já a tinha em poucos). Pelo menos em algumas das razões que invoquei. Não sei se não terá sido mesmo escolhido por (também) ter mostrado capacidade de desenvolver futebolisticamente os jovens com que trabalhava. Mas talvez tenha sido só isso. E o «como» exactamente tenha sido também tido como muito pouco importante.

    Superficialidade que não se aceita em quem dirige/governa, sobretudo quando até está a fazer um trabalho interessante noutras áreas (ainda que curto e, por vezes, constrastante com um trabalho exclusivamente movido por boa vontade de alguns – mas muito pouco discernimento - noutras).

    Não gosto da opção Scolari. Não me agrada, mesmo. Não nego que tenha qualidades (é para mim absurdo dizer que alguém que teve os resultados que Scolari teve nas Selecções em que trabalhou, não tem pura e simplesmente qualidades nenhumas).
    Parecem-me é qualidades insuficientes, sendo insuficiente no que é mais importante. E não gosto muito da forma como tem resolvido os problemas/conflitos e reagido aos maus desempenhos/resultados. Esta última experiência no Brasil foi – também por isso – uma agonia.

    Um abraço

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