segunda-feira, 25 de março de 2013

Notas soltas

Mission accomplished:

Bruno de Carvalho e os seus mais fervorosos fãs conseguiram a sua grande missão, de há dois anos para cá: vencer os inimigos internos, os situacionistas, a corja, a promiscuidade, os conflitos de interesses e a continuidade. Batê-los e tirá-los do Sporting.
Seria bom, para o SCP, que essa fibra também se demonstrasse daqui para a frente contra os inimigos externos. É que bater o SCP de Godinho Lopes ou o projecto de JPC é uma brincadeira de crianças quando comparado com bater o Porto de PdC, o Benfica de Jorge Jesus e/ou o Braga de António Salvador e Peseiro.

Bruno de Carvalho, durante 2 anos, elevou imenso a fasquia. Cair-lhe-á agora a exigência em cima. Teve 2 anos para se preparar e os sócios informados, esclarecidos e verdadeiramente sportinguistas não tiverem dúvida nenhuma de que Bruno de Carvalho é a opção certa para o Sporting. Os outros (situacionistas, lambuças e/ou desinformados) farão a Bruno de Carvalho aquilo que os seus apoiantes fizeram a Godinho Lopes – não tolerarão erros, falhas, derrotas. Estarão sempre ao ataque.

Eu estou fora, porque o meu SCP não nasceu na madrugada de 23 de Março: o meu SCP (o nosso SCP, porque o de mais uns quantos) é o dos sócios. O que viveu bons e maus períodos, o que teve vitórias e derrotas, o que teve o JEB e o Godinho ou o que tem o Carvalho. O das direcções eleitas pelos sócios. O dos R & C aprovados pelos sócios. Identificar-me mais ou menos com o Clube não é um pormenor, mas não me leva a não aceitar as decisões (soberanas) dos sócios, a desvalorizar e insultar quem pensa diferente de mim ou a ver um Sporting «nosso» e um Sporting «deles».

Tenho actualmente uma professora no Ensino Superior, de História Contemporânea, que me disse a semana passada: «aquilo que tem mais medo, no mundo, é das pessoas que têm certezas e não têm dúvidas». O BdC não teve nem tem dúvidas. Os seus apoiantes estão tão seguros que não concebem – nem nunca conceberam – que possam estar errados, e que os outros tenham razão. Tenho medo que tenhamos eleito um “mini-ditador”, suportado por outros mini-ditadores. Um «José Sócrates», com a oratória, o populismo, a demagogia, a inflexibilidade e a incapacidade. Mas cá estarei e respeitarei a vontade dos sócios. Pelo Sporting.. sempre!

«Agora mandamos nós. O Sporting é nosso outra vez» (Bruno de Carvalho)
Ou o Sporting só é nosso quando i) ganha; ii) tem um candidato com um discurso popular; iii) está eleito o verdadeiro representante do verdadeiro SCP.

Quando o SCP perde ou empate, é o Sporting «deles». O Sporting «deles» é medíocre e pouco ambicioso. O Sporting «deles» é escolhido pelos interesses, o nosso pelos votos de verdadeiros sportinguistas.
Ou, numa síntese, o Sporting só é “nosso” quando os sócios “acordam” e votam em quem, com menos de 60% dos votos, é o seu único e verdadeiro representante.

Para quem não “ganhou por goleada”, começar com um discurso divisionista (entre os sócios que hoje elegeram BdC e os que anteriormente votaram na “corja”; ou mesmo entre Clube e bancos) é capaz de não ser boa ideia. E obriga a ganhar: caso contrário «eles» - os outros sócios e a banca - são capazes de ter pouca tolerância às derrotas e empates.

«A formação por si só não vai chegar para a grandeza do Sporting (…) Se há reforços identificados? Algumas coisas…» (Augusto Inácio)
Será que AI conhece a folha de vencimentos dos actuais jogadores com que o SCP tem contrato (no plantel, na formação e actualmente emprestados a outros clubes)?

Será que AI já sabe que treinador terá o SCP na próxima temporada? Não é capaz de ser melhor primeiro focar-se na questão do treinador (é capaz de ser bem pensado não contarem com o JF…) e só depois debruçar-se minimamente sobre possíveis reforços? São, por tudo, declarações prematuras e pouco responsáveis.
De qualquer forma, como diz um meu amigo sportinguista, as esperanças (a existirem) residem em Virgílio Lopes. Porventura também no Tomaz Morais (apesar de o futebol não ser a sua “praia”) e o incógnito da Academia (dependendo de quem seja). O resto, para o positivo, pouco conta.


Reinventar o que o SCP faz bem
Li, no FórumSCP, que se falava do Bento Valente como aposta do JPC para a formação do Sporting. A importância de se melhorar e reinventar não é real apenas nas áreas em que o Sporting trabalha mal, é também nas áreas em que o Sporting pode trabalhar melhor.

As estruturas devem mudar, mas partir com ideias feitas e inalteráveis para o Clube, por várias razões, é capaz de ser pouco recomendável. Sob pena de se mudar para pior, com custos (desportivos e financeiros) difíceis de ultrapassar.

domingo, 17 de março de 2013

Eleições SCP


Carlos Severino:

A questão do “voto útil” é, para mim, complicada. Penso que foi o Adriano Moreira que, um dia, disse que “o voto só é útil para quem o recebe”. Não terão sido as palavras exactas, mas o sentido foi esse. Eu percebo, mas acho que é um ponto de vista redutor. Tanto quanto, por exemplo, aquele que defende a necessidade absoluta de exercer um voto útil para escolher “o menos mau”. Por norma, e fá-lo-ei também aqui, pergunto-me: “identifico-me suficientemente com indivíduo x para votar nele, sabendo que não tem hipóteses de ganhar, correndo o risco de que vença o candidato com que menos me identifico?”. Aqui, a resposta será sempre um rotundo não. Talvez Carlos Severino merecesse (porque é um candidato, como os outros) que desenvolvesse as razões pelas quais a resposta à pergunta é não, mas– pelo menos neste espaço, e não sendo interpelado para tal – não o farei. Fico-me, por isso, por aqui.

José Peyroteo Couceiro:

José Couceiro faz-me lembrar Sérgio Abrantes Mendes. É a primeira ideia que tenho quando o oiço e quando leio o que diz. E faz-me lembrar SAM porque tem uma leitura genericamente correcta daquilo que levou o SCP até esta situação, e daquilo que o SCP precisa para ser tirado desta situação. Competência na gestão desportiva, porque o Sporting é um clube desportivo. Reconhecimento de erros factuais, verificáveis e que foram os decisivos para que o SCP esteja hoje numa situação grave. Há muito mais, no seu léxico, de “competência”, de “gestão desportiva”, de “decisões” e de “rumos” do que de “Continuidade”, “promiscuidade com a banca” e “auditoria de gestão”. E é em grande parte por aí que, face à maioria dos comentadores sportinguistas, marca a diferença – JPC foca-se nas principais causas do actual estado do Clube e na forma de sair desse estado. Há poucas questões de sportinguismo, de amor ao Clube, de Passado associativo, de relações com a banca, de contas com o Passado e de ameaças judiciais, há muito mais de erros desportivos, de gestão errática, de alterações estruturais na gestão desportiva e de necessidade de se ser capaz de convencer os outros (banca, sócios e adeptos, funcionários).

Porém, JPC falha por não me parecer ser capaz de perceber as pequenas coisas que, juntas, dão origem ao problema que (e muito bem) reconhece como principal causa para o estado do Clube. JPC sabe que o Clube tem sido mal gerido, mas – como os outros – parece-me não saber exactamente nem porquê, nem em quê. JPC, como SAM, é uma pessoa que se destaca da maioria quando fala sobre o Clube: a postura, o sentido de responsabilidade, a capacidade de centrar o discurso sobre as grandes questões do Sporting. Parece-me, porém, incapaz de agir sobre elas devidamente. Isso torna-o uma pessoa que compreende o funcionamento de um Clube, e aquilo que tem de acontecer para que seja bem sucedido, mas também o torna incapaz de ser uma solução suficiente para assumir o SCP. Sobretudo no modelo presidencialista que parece querer implementar. Isso também o torna mais capaz para Presidente do que para Director de Futebol ou Treinador. Mas não o torna suficientemente capaz.

Há ainda algumas incongruências que me confudem. Couceiro entende que há problemas de tesouraria presentes. Couceiro diz ser capaz de resolver esses problemas actuais. Couceiro diz ser capaz de reestruturar o Clube e a SAD, trazer-lhes competência e boa gestão, e torná-los exemplos. Depois disto tudo, apetece perguntar para que servem os investidores e como é que se equaciona sequer ceder a maioria da SAD. Ou o naming para o Estádio. Se alguém se proclama como um indivíduo capaz de resolver as questões actuais e futuras, pagar as dívidas e ter sucesso desportivo/financeiro, para que é que serve trazer capital, investidores minoritários e maioritários? Se, como diz, as questões estruturais só se resolvem com competência e boa gestão, e se se considera competente e bom gestor, não resolverá assim (e sem trazer investidores externos) os problemas? Não será capaz de atrair parceiros e investidores minoritários a boas condições para o Clube? Faz pouco sentido.

JPC é, para mim, o mal menor. Mas, sendo o mal menor, não é bom. Suficientemente bom, pelo menos. E é por isso que dificilmente votarei nele. Também aqui (embora menos) o “voto útil” não me convence. Uma última razão, menos nobre e de que me envergonho, é que ganhar o seu principal adversário pode trazer, a longo prazo, vitórias para o SCP: da mesma forma como a vinda de Vercautaren trouxe vantagens por aquilo que era o discurso pré-FV (o treinador estrangeiro, com títulos, que não fosse excessivamente caro nem ultrapassado). Ou da mesma forma que a presença de Oceano na Equipa A, durante um mês, serviu para reduzir “a importância de ter símbolos nas equipas-técnicas do Clube”, por exemplo.

Bruno de Carvalho:

Tal como JPC, Bruno de Carvalho não me parece ser alguém capaz de inverter o paradigma de gestão desportiva do SCP. Muito menos de fazê-lo (muito) bem. O problema é que, face a Couceiro, parece nem sequer compreender como se gere um Clube desportivo e o que é que é o fundamental para que um Clube desportivo seja bem sucedido.

Bruno de Carvalho pega no SCP e quer dizer muitas coisas, explicar muitas coisas, o que acha que tem de mudar e como acha que tem de funcionar o Clube. É aí que se mostra totalmente incapaz. Desconfio que, se Bruno de Carvalho falasse só da Gestão do Clube, presente e passada, de uma forma geral (e nunca com medidas concretas), diria as coisas erradas e focar-se-ia nas generalidades erradas. Ou melhor, não é só desconfiança, porque é o que mostra muitas vezes. Noutras, gosta de ir ao âmago das coisas, gosta de se debruçar sobre as especificidades e as questões concretas do Passado e do Presente. Aí, mostra que não só não percebe as coisas básicas, como quer debater e discutir coisas específicas, que oscilam entre banalidades e baboseiras. Bruno de Carvalho não é apenas pouco assertivo na percepção/discussão das coisas básicos e dos lugares-comuns, é também alguém que já mostrou ser incapaz de fazer coisas boas. Se outros, como Couceiro, se preferiram resguardar naquilo que são bons (entender um Clube desportivo) – mas se percebe, pelo que não dizem e pelo que conhecemos deles, que são incapazes de fazer do SCP um Clube bem gerido – BdC faz questão de demonstrar que não percebe as coisas básicas e que não será capaz de, nas pequenas coisas, fazer a diferença e mudar o rumo do SCP.

Tal como no caso do Severino, ou mesmo no do Couceiro (que é mais difícil de particularizar: visto que este me parece ser incapaz de tornar o SCP num Clube competente e bem gerido sobretudo pelo que não diz, e pelo Passado que dele conhecemos), não particularizei as razões pelas quais teço estas considerações sobre Bruno de Carvalho. Isso não significa que não me baseio em nada para o dizer; significa que não desenvolvo aquilo em que me baseio para o fazer. Não é que o tenha de fazer (não tenho), nem que moralmente o deva (não quero convencer ninguém, não só mas também porque poucos são os que estão dispostos a ser convencidos). Não me importaria de o fazer. Mas isso obrigar-me-ia a um acompanhamento mais próximo das declarações das pessoas na campanha; obrigar-me-ia a uma análise dos programas eleitorais. E eu faço-o, mas para mim: o esforço que implicaria partilhá-la com os outros seria bastante grande, porque o raciocínio mental e pessoal é 1000 vezes mais rápido e fácil – ainda que muita gente ache o contrário, da mesma forma que também acha que o raciocínio é dispensável. Como não tenho especial interesse em fazer esse esforço suplementar, porque “hoje” não me identifico com o Sporting nem com os sportinguistas, poupo-me a isso.

PS - Relativamente à MAG, CFeD e CL ainda nada decidi. E não pensei muito nesses pontos (fi-lo, mas não o suficiente por exemplo para partilhar aqui reflexões, nem grandes nem pequenas). No CL, gostei das declarações do candidato da lista do BdC (João Mesquita Trindade). Porém, não gosto de muitos dos membros da lista. Mas ou votarei nessa lista, ou em branco. Na do Severino não votarei de certeza. Na MAG, não votarei seguramente na lista do BdC nem na do JPC. Gostei das declarações do Carlos Teixeira (lista do CS). Tenho dúvidas, que resultam simplesmente de se identificar com as ideias do Severino, mas provavelmente votarei nele e restante equipa. Para a função, parecem-me capazes. Para o CFeD, não votarei seguramente na lista do JPC nem na do CS. Oscilo entre a lista do BdC (o Jorge Bacelar Gouveia parece-me alguém minimamente capaz, não sei se o suficiente) e a lista Independente (reconheço a muitos dos seus membros grande validade, mas há outros com que não me identifico minimamente e parece-me que poderão ser um foco de oposição, mais que independência, se for JPC a vencer as eleições - algo que duvido que aconteça).