segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O (futebol do) Sporting é um deserto:

Quase total. Não apenas de resultados recentes, mas sobretudo de ideias.

Da parte de quem dirige, não se percebe muito bem o rumo do futebol – que semelhanças têm Sá Pinto e Vercauteren? Ou Luís Duque e Paulo Farinha? Existirá algum plano de fundo quando se acredita e aposta, num curto prazo de tempo, em pessoas de perfil tão diferente para o mesmo cargo?

Da parte de quem critica, falta o básico – pensar. Perceber o que se tem feito de mal (fundamental para melhorar) e o que se tem feito de bom (fundamental para não piorar). Como procurar construir o que quer que seja, tendo coisa nenhuma como base?

Está-se a aproximar a hora de quem dirige acertar nas decisões e ter resultados. Porque é a última oportunidade que terão – o futebol este ano tem tido resultados para lá de péssimos, e é preciso trazer de novo aos sportinguistas a alegria dos primeiros tempos de Domingos Paciência ou da campanha europeia de Sá Pinto. Mas com um método menos “temporário” – um que garanta apenas alegrias “a prazo” já não serve (o tempo para isso já passou).

Com todo o respeito para Vercauteren, não é uma opção que pareça a indicada para sucessos duradouros. Por várias razões - a principal é o deserto de ideias que a equipa de futebol tem apresentado, a forma como parece sempre pouco unida (este jogo em Basileia foi muito semelhante ao jogo que o Sporting de Sá Pinto disputou com o Estoril este ano – jogo esse em que o Sporting abdicou do que de bom vinha fazendo até aí, ficando só o mau).

É preciso, da parte de quem dirige (não apenas, mas também porque isso não existe na maioria dos mais acérrimos críticos) capacidade para se questionar, repensar opções, entender que há pessoas que percebem mais do fenómeno em causa (futebol). É preciso delinear finalmente um plano, e é preciso que se dê autonomia de decisão a quem percebe do fenómeno e acredita nesse plano.

O futebol do Sporting precisa urgentemente de um rumo. Até ao fim da temporada, seria bom que Vercauteren elevasse a equipa para níveis mínimos – e isso implicaria ter também ele de ter as qualidades acima referidas. Chegar à Europa e começar a acertar nas decisões futebolísticas. Ou dar a vez a outros.

Há portanto para quem dirige um desafio que pode ser o início desse plano/futuro (sendo dificilmente mais que isso). Fazer esta equipa evoluir até patamares mínimos e terminar a temporada sem manchar excessivamente os pergaminhos do futebol do SCP.

 Mas é de seguida necessário escolher um bom treinador (mais que nós, os nossos maiores rivais conhecem, por experiência própria e actual, a importância que um treinador tem nas prestações da sua equipa de futebol). E aí é preciso menosprezar os critérios que levaram à contratação de Vercauteren (estrangeiro, “créditos firmados”, com títulos). Porque poucos aliam esses critérios a uma capacidade actual para treinar o Sporting (e quase nenhuns estão disponíveis para o cargo). André Vilas Boas, José Peseiro e Jorge Jesus são exemplos de treinadores que, quando chegaram a um grande, não eram estrangeiros, não tinham títulos importantes e não eram garantia de sucesso. Mas eram bons e fizeram um bom trabalho.

Quem dirige deve ter estes exemplos em atenção. Sobretudo num mês em que Carlos Carvalhal, Mauricio Pochettino (Espanhol) e Unai Emery (Spartak) foram despedidos dos seus clubes (já aqui tinha referido o segundo; e, à data, não imaginava que o primeiro e o último estivessem agora disponíveis).

É preciso repensar o método de escolha das equipas técnicas. É preciso coragem, porque são muitas as boas decisões que inicialmente são impopulares. E é preciso convicções porque sem elas o Sporting não ganha jogos de futebol de forma sistemática.

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